Nos últimos dias, o mercado de petróleo deu um sinal claro: investidores estão se posicionando para um cenário de excesso de oferta em 2026. A aposta está sendo feita em um instrumento técnico, mas com leitura direta: opções de spread de calendário, que operam a diferença de preço entre contratos futuros com vencimentos diferentes.
Essas movimentações são relevantes porque, geralmente, antecipam movimentos da commodity no mercado à vista. O aumento recorde no volume dessas opções mostra que há uma expectativa concreta de que os preços do petróleo cedam no médio prazo.
O que está movimentando o mercado?
Vários fatores ao mesmo tempo:
- A OPEP+ surpreendeu com aumento de produção além do esperado.
- A política externa dos EUA voltou a elevar tensões geopolíticas, com Trump ameaçando tarifas e reconfigurando relações com Irã, Venezuela e Rússia.
- Estoques ainda baixos em 2025 sustentam preços no curto prazo, mas projeções para 2026 indicam acúmulo e menor demanda global.
A explosão do volume de spreads
Esse gráfico mostra que o interesse por esse tipo de operação explodiu, superando 1,2 milhão de contratos negociados. Segundo dados da CME e Bloomberg, é o maior volume desde o início da série histórica em 2014.
Esse comportamento marca a transição de um posicionamento direcional (comprar ou vender petróleo) para um posicionamento estrutural (apostas na forma da curva de preços ao longo do tempo).
Para onde o mercado está apostando?
O gráfico destaca a concentração de posições entre julho e dezembro de 2025. O tamanho dos círculos mostra o número de contratos abertos (Open Interest), com destaque para os strikes entre -1 e +1 dólar, refletindo:
- Apostas em colapso da curva nos vencimentos mais longos;
- Estratégias de proteção e especulação em torno de spreads mais apertados ou negativos.
A curva de preços: “taco de hóquei”
O gráfico mostra o chamado formato “hockey stick”, onde os contratos mais próximos estão mais caros e os futuros mais distantes, abaixo de US$ 63/barril.
“O atual recuo na frente da curva de futuros do petróleo bruto é resultado dos baixos saldos de estoque observados desde o início do ano”, afirmam os analistas do Bank of America. “Já o contango mais à frente sugere que o mercado antecipa uma folga futura por causa dos aumentos de oferta planejados e da desaceleração global.”
Visão estratégica
“Quando o mercado tem 9/10 de chance de manter o status quo e 1/10 de uma explosão massiva, a demanda dos compradores dispara”, diz Ilia Bouchouev, sócio da Pentathlon Investments e ex-Koch Industries.
“Eles estão dispostos a pagar mais por essa alavancagem.”
A frase reflete a assimetria desse tipo de instrumento. Pequenas movimentações na curva podem gerar ganhos exponenciais para quem está bem posicionado — e é isso que tem atraído capital para essa ponta do mercado.
Direcional: o que esperar do petróleo?
- Curto prazo (2025): Estoques baixos e oferta restrita ainda sustentam preços.
- Médio prazo (2026 em diante): Projeção de aumento de produção e desaceleração global indicam queda nos preços, com pressão descendente sobre a curva futura.
Conclusão: o petróleo pode manter estabilidade até o fim de 2025, mas o mercado já se posiciona para um cenário de queda em 2026 — e os spreads são a pista mais clara disso.
Dica Investfy:
Observe a inclinação da curva de futuros, especialmente entre dezembro de 2025 e dezembro de 2026. Esse trecho da curva está no radar de grandes players e pode servir de termômetro para suas próximas decisões.
Excelente informações 👏 e obgda
muito bom, obg Murilao
Artigo excelente!
Parabéns!
Top, Murilão!!!
excelente artigo Murilo