Quais os principais motivos para a queda do lucro do Banco do Brasil em 2025?
A adoção de novas normas contábeis, implementadas em janeiro de 2025, alterou o reconhecimento de receitas e despesas, impactando diretamente o resultado do banco.
O maior destaque foi a exclusão de cerca de R$ 1 bilhão em receitas de crédito relativas a operações em atraso superior a 90 dias, que passaram a ser contabilizadas apenas quando efetivamente recebidas.
O aumento da inadimplência, em especial no setor do agronegócio, pressionou os resultados. O índice geral subiu para 3,86% no trimestre, enquanto no agronegócio chegou a 3,04%.
Esses fatores interromperam uma sequência de 16 trimestres consecutivos de alta no lucro do Banco do Brasil.
Como as novas regras contábeis e a inadimplência afetam o desempenho do banco?
A mudança regulatória de 2021, efetivada em 2025, mudou o modelo de provisões para perdas esperadas, tornando o reconhecimento das receitas mais criterioso.
Com as novas regras, receitas de operações em atraso só são reconhecidas quando recebidas, reduzindo o resultado imediato do banco.
O avanço da inadimplência, principalmente devido à alta da Selic e quebras de safra, elevou o risco de crédito e exigiu maior cautela nas operações, impactando a rentabilidade.
Projeções e crescimento da carteira de crédito do Banco do Brasil
Após o resultado do trimestre, o banco anunciou a revisão das projeções para 2025, incluindo lucro, margem financeira e custo do crédito, com novos números ainda pendentes.
Até então, a expectativa era de lucro líquido ajustado entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões no ano, margem financeira bruta entre R$ 111 bilhões e R$ 115 bilhões e custo do crédito entre R$ 38 bilhões e R$ 42 bilhões.
Apesar do recuo nos lucros, a carteira de crédito ampliada cresceu 1,1% no trimestre e 14,4% em 12 meses, atingindo R$ 1,278 trilhão em março.
Destaque para o crescimento do crédito para empresas, com alta de 22,4% em um ano, e para o agronegócio, que avançou 9% e desembolsou R$ 174,5 bilhões no ciclo 2024/2025.
O segmento sustentável também se expandiu, chegando a R$ 393,5 bilhões, mostrando foco em operações de impacto ambiental e social positivo.
Desempenho operacional: receitas, despesas e histórico financeiro
As receitas de prestação de serviços caíram 9% no trimestre, mas se mantiveram estáveis em 12 meses.
As despesas administrativas tiveram leve queda de 0,1% no trimestre, porém subiram 7% em relação ao ano anterior, refletindo inflação e desafios de eficiência.
Em 2024, o Banco do Brasil apresentou lucro líquido de R$ 29,17 bilhões e receita líquida de R$ 273,5 bilhões, com margens entre as maiores do setor.
O retorno sobre o patrimônio (ROE) fechou em 15,8%, e o fluxo de caixa operacional superou R$ 75 bilhões, destacando a solidez da instituição.
Quais são os principais desafios e perspectivas para o Banco do Brasil?
A concorrência crescente de fintechs e bancos digitais, aliada ao aumento do risco de crédito, são fatores de atenção para os próximos trimestres.
O índice de liquidez corrente abaixo de 1 indica necessidade de monitoramento das obrigações de curto prazo, mesmo com bom fluxo de caixa.
A sensibilidade ao ciclo econômico, principalmente no agronegócio, e a elevação da inadimplência exigem acompanhamento constante.
A sustentabilidade dos resultados dependerá do controle da inadimplência, eficiência operacional e avanço em inovação e digitalização.
A capilaridade nacional e a forte presença no agronegócio seguem como grandes diferenciais competitivos, colocando o Banco do Brasil entre os protagonistas do setor financeiro brasileiro.