MERCADO FINANCEIRO REAGE ÀS NOTÍCIAS SOBRE A SAÚDE DO PRESIDENTE LULA
A divulgação de uma nota sobre a saúde do presidente Lula movimentou o mercado financeiro, que reagiu precificando cenários ligados às eleições presidenciais de 2026.
O IMPACTO DA NOTÍCIA NO JOGO POLÍTICO
Com a possibilidade de Lula não se candidatar à reeleição, o cenário político ganhou novas possibilidades. Embora o tempo seja curto para o PT viabilizar um sucessor competitivo em apenas dois anos, isso não está fora de alcance. Entre os nomes mais prováveis está o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Haddad, que recentemente anunciou cortes de gastos em rede nacional, reforçou o compromisso do governo com pautas sociais e confirmou a isenção de imposto de renda para salários de até R$ 5 mil — uma promessa de campanha de Lula. Esse movimento fortalece sua posição como possível herdeiro político dentro do partido.
E SE LULA NÃO SE RECUPERAR?
Caso Lula não possa seguir no cargo, o vice-presidente Geraldo Alckmin assumiria a presidência. Isso mudaria todo o tabuleiro político para 2026. Alckmin, com seu perfil conciliador, poderia construir um discurso de união entre a esquerda e o centro — este último decisivo em qualquer eleição.
Além disso, Alckmin teria dois anos para consolidar sua imagem como um gestor viável à reeleição, com o apoio de setores importantes como o Congresso, o STF e a mídia. Essa construção de consenso pode alterar significativamente as apostas para a sucessão presidencial.
COPOM, SELIC E O FUTURO DO BANCO CENTRAL
Outro ponto que chamou a atenção foi a decisão do COPOM, que indicou uma Selic terminal acima do esperado pelo Boletim Focus, com altas de 1% já contratadas para janeiro e março de 2025. Isso levaria a taxa para 14,25% no próximo ano.
A partir de 2025, o PT terá maioria no COPOM, o que pode influenciar a política monetária. A dúvida que permanece é: Gabriel Galípolo, à frente do Banco Central, agirá com independência técnica ou seguirá uma orientação mais alinhada ao partido?
Minha expectativa é de que Galípolo, embora nomeado pelo governo, possa surpreender com decisões técnicas e distantes de pressões políticas. Contudo, só o tempo dirá como ele conduzirá essa responsabilidade.
PACOTES DE CORTE DE GASTOS: O QUE VEM PELA FRENTE?
Em relação aos cortes de gastos, acredito que dois projetos prioritários devem ser aprovados até o fim de dezembro de 2024 em ambas as casas (Câmara e Senado). Os projetos possíveis a serem aprovados são:
- PL: estabelece a limitação do ganho real do salário-mínimo aos limites do arcabouço fiscal. Ou seja, será corrigido pela inflação e ganho real entre 0,6% e 2,5%. A atual legislação fala em inflação mais a variação do PIB. O projeto também traz novas regras em programas sociais, de forma a efetuar um pente-fino no sistema;
- PLP: autoriza o governo a limitar a utilização de créditos tributários caso haja déficit nas contas públicas. Também permite que a União use o excedente de 8 fundos nacionais;
A PEC “KINDER OVO” E SUAS SURPRESAS
A chamada PEC do corte de gastos foi apelidada de “PEC Kinder Ovo”, trazendo “surpresas” em cada leitura.
Entre os pontos polêmicos para os Deputados e Senadores, está a revogação dos §10 e §11 do art. 165 da Constituição Federal de 1988, que altera as regras de pagamento de emendas parlamentares, gerando preocupação entre deputados e senadores quanto à autonomia na liberação desses recursos.
Com a eleição para novos presidentes da Câmara e do Senado em fevereiro de 2025, a PEC deve ser avaliada sob uma nova configuração política. Até lá, muita coisa ainda pode mudar.