O pacote fiscal apresentado pelo governo brasileiro tem gerado reações negativas entre economistas e instituições financeiras, destacando-se as dúvidas sobre sua efetividade e o impacto sobre a trajetória fiscal do país.
Com medidas como a isenção de IR para salários até R$ 5 mil e a tentativa de economizar R$ 70 bilhões em dois anos, o mercado vê desafios significativos para a aprovação do projeto no Congresso e questiona a real capacidade de atingir os objetivos propostos.
Congresso e cenário político
Para João Leme, da Tendências, o pacote enfrenta obstáculos no Congresso, dada a controvérsia das medidas e os conflitos de interesse envolvidos. “Será difícil aprovar a proposta como está, sem desidratar as compensações fiscais”, afirmou, lembrando que o Congresso ainda não finalizou decisões cruciais como a PLOA e a reforma tributária do consumo.
Estimativas e críticas econômicas
Felipe Salto, da Warren, calculou que o pacote produzirá apenas 62,7% da economia anunciada pelo governo, com efeitos de R$ 19,2 bilhões em 2025 e R$ 25,9 bilhões em 2026. Apesar de considerar o esforço relevante, Salto alerta que ele é insuficiente para gerar superávit, mesmo nas projeções governamentais.
Alberto Ramos, do Goldman Sachs, foi enfático ao classificar o pacote como “decepcionante e disperso”. Segundo ele, as medidas são pouco ambiciosas e concentradas no futuro, enquanto o impacto imediato é insuficiente para as atuais necessidades fiscais do país. “O pacote visa apenas desacelerar o crescimento das despesas obrigatórias, sem cortes reais”, criticou.
Ricardo Lacerda, do BR Partners, considerou equivocada a priorização da isenção de IR antes de cortes de gastos. “Será muito difícil alcançar os R$ 70 bilhões com os mecanismos propostos”, comentou, ressaltando que o esforço carece de maior foco e profundidade.
Impactos no mercado e no Banco Central
Bruno Funchal, da Bradesco Asset, estima que o pacote economizará apenas R$ 40 bilhões, alertando para o alto custo da isenção do IR. Ele destacou que o cenário aumenta as pressões sobre o Banco Central, dificultando o combate à inflação e elevando os riscos fiscais. No mesmo tom, o Barclays considerou que a isenção de IR ofuscou o esforço fiscal, exigindo uma resposta mais firme do BC para mitigar os impactos sobre a economia.
Percepções gerais
Para o UBS, o pacote não garante responsabilidade fiscal, colocando a dívida pública em uma trajetória insustentável. Já a XP Investimentos destacou que, embora existam medidas estruturantes, o governo perdeu a oportunidade de implementar um ajuste fiscal mais profundo, o que compromete a credibilidade do arcabouço.
Com essas avaliações, o consenso entre os agentes de mercado é que o pacote, em sua forma atual, deixa mais dúvidas do que certezas, comprometendo a confiança dos investidores e ampliando os desafios fiscais e econômicos do país.
Excelente Murilo!
Portanto, cautela com alavancagens, operar tendências claras e trades mais curtos.
Sem contar que Cash Is King, e, por fim – não operar também é operar.