Murilo 
Introdução
A última semana de julho e o início de agosto concentram uma verdadeira tempestade de eventos para os mercados globais. A combinação de resultados das maiores empresas do mundo, dados macroeconômicos relevantes, decisões de política monetária e a escalada da guerra tarifária entre EUA e seus parceiros comerciais criam um ambiente desafiador para precificação de ativos.
A tensão é ampliada com o novo deadline para as tarifas impostas pelo governo Trump ao Brasil, enquanto investidores observam os desdobramentos políticos e econômicos em meio à pressão da Casa Branca sobre o Federal Reserve. No Brasil, a Selic deve ser mantida, mas o foco estará voltado ao impacto direto das tarifas sobre exportações.
Cinco pontos principais para monitorar na semana
Decisão de juros no Brasil e nos EUA na quarta-feira (30)
Divulgação dos balanços das Big Techs: Apple, Amazon, Meta e Microsoft
Deadline das tarifas americanas sobre exportações brasileiras na sexta-feira (1º)
Dados relevantes nos EUA: PIB do 2º tri, payroll, índice PCE e mercado de trabalho
Produção industrial brasileira e desemprego na Zona do Euro fecham a semana
Cenário Brasil
No Brasil, apesar da expectativa de manutenção da Selic em 15% na reunião do Copom (quarta, 30), o mercado está mais atento ao impacto geopolítico da nova rodada de tarifas americanas. A medida de Trump — que pode entrar em vigor já na sexta-feira (1º) — coloca pressão sobre as exportações brasileiras e revela dificuldades de interlocução diplomática com a Casa Branca. A exigência de ações judiciais internas contra Bolsonaro como pré-condição para negociações comerciais adiciona instabilidade ao cenário.
Indicadores locais relevantes também serão divulgados:
Boletim Focus e Empréstimos Bancários (segunda, 29)
IGP-M de julho (quarta, 30)
Taxa de desemprego do trimestre até junho (quinta, 31)
Produção industrial de junho (sexta, 1º)
Na agenda corporativa, destaque para os balanços de Bradesco, Santander, Ambev, Vale, CSN e Gerdau.
Cenário Estados Unidos
O mercado americano entra em uma das semanas mais críticas do trimestre. Além da divulgação de balanços das principais Big Techs — Apple, Amazon, Meta e Microsoft —, os investidores acompanham a decisão de juros do FOMC na quarta-feira (30). A pressão política da Casa Branca para que o Fed reduza imediatamente os juros adiciona um ingrediente instável à condução da política monetária.
Indicadores decisivos para o rumo da taxa básica:
Oferta de empregos JOLTS e Confiança do Consumidor (terça, 30)
Geração de empregos pela ADP e PIB do 2º tri (quarta, 30)
PCE (inflação preferida do Fed) e pedidos de auxílio-desemprego (quinta, 31)
Payroll e taxa de desemprego de julho (sexta, 1º)
Resto do Mundo
As negociações comerciais de Trump com vários países entram em fase de definição. A partir de sexta-feira (1º), entram em vigor medidas tarifárias contra o Brasil e possivelmente o Canadá. Os acordos com Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão enfrentam entraves burocráticos, e o Parlamento Europeu cogita retaliações comerciais contra os EUA, mesmo com avanços nas tratativas com a União Europeia.
Na agenda econômica internacional:
Banco do Japão decide nova taxa de juros (quinta, 31)
Inflação ao consumidor da Zona do Euro (sexta, 1º)
