Murilo 
O presidente Donald Trump anunciou na quinta-feira um plano para implementar tarifas recíprocas sobre parceiros comerciais dos EUA, alegando que muitos países impõem barreiras tarifárias e regulatórias desleais às empresas americanas.
A proposta busca equilibrar a tributação de importações, considerando tarifas mais altas de alguns países e barreiras não tarifárias, como o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). O objetivo inicial será analisar os países com maiores superávits comerciais com os EUA.
O nomeado de Trump para o Departamento de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que os estudos serão concluídos até 1º de abril, e Trump poderá agir já em 2 de abril. Alguns parceiros comerciais poderiam evitar as tarifas se reduzissem suas próprias taxas.
Embora países da União Europeia tenham tarifas médias inferiores às dos EUA, o governo americano defende que impostos como o IVA prejudicam empresas americanas e podem justificar a aplicação de tarifas equivalentes. No entanto, economistas argumentam que o IVA não favorece indústrias europeias, pois se aplica tanto a produtos locais quanto importados.
As ações dos EUA subiram após o anúncio, pois o mercado interpretou que ainda haverá tempo para negociações e possíveis ajustes antes da implementação das tarifas.
Trump afirmou que a medida pode gerar empregos nos EUA e que, embora os preços possam subir no curto prazo, eles tendem a cair no futuro. Ele também mencionou que sua proposta de tarifas universais sobre todas as importações foi ajustada para um modelo mais direcionado, visando minimizar impactos nas cadeias de suprimentos.
Impacto Global: Tarifas Recíprocas de Trump Elevam Inflação e Afetam Brasil e Índia
As novas tarifas recíprocas de Donald Trump podem levar a um aumento significativo nos preços ao consumidor dos EUA e atingir duramente países como Índia (29%) e Brasil (28%), segundo a Capital Economics.
O cálculo considera não apenas tarifas sobre exportações americanas, mas também Impostos sobre Valor Agregado (IVA). Se implementadas integralmente, as tarifas podem elevar a taxa média sobre importações nos EUA de menos de 3% para cerca de 20%, adicionando 2% aos preços ao consumidor e levando a inflação a 4% até o final do ano.
Principais países afetados:
- Índia: 29%
- Brasil: 28%
- União Europeia: 25%
- Reino Unido: 24%
- México: 23%
- Canadá: 19%
Governo Brasileiro Avalia Impacto de Tarifas de Trump e Prepara Estratégia de Negociação
Após o presidente Donald Trump assinar um memorando de tarifas recíprocas, técnicos do governo Lula iniciaram a análise dos impactos sobre as exportações brasileiras para os EUA. O documento se soma à tarifa de 25% sobre aço e alumínio, tornando a negociação ainda mais desafiadora.
Ainda não está claro quando as tarifas entrarão em vigor, sugerindo que Trump pode estar buscando acordos bilaterais para beneficiar as exportações americanas. Em 2020, um acordo semelhante foi feito entre Jair Bolsonaro e Trump, permitindo a importação de 150 milhões de litros de etanol dos EUA sem tarifas. O governo brasileiro agora busca entender quais setores podem ser afetados e como responder estrategicamente.
Suzano Minimiza Impacto de Tarifas nos EUA e Mantém Estratégia de Exportação
A Suzano não vê motivo para que as novas tarifas dos EUA atinjam a celulose brasileira e não pretende alterar sua estratégia de exportação. Segundo o presidente da empresa, Beto Abreu, a fibra curta de celulose exportada pela companhia não concorre diretamente com a indústria americana, e uma possível taxação apenas elevaria os preços nos EUA.
Além disso, uma eventual taxação da fibra longa de celulose do Canadá poderia beneficiar a Suzano, aumentando a competitividade da fibra curta. A empresa também aponta que não há novos projetos de fábricas de celulose nos EUA, o que reduz a probabilidade de medidas protecionistas.
Sobre o mercado global, a Suzano destaca a recente alta nos preços da celulose, impulsionada, entre outros fatores, pela parada não programada da fábrica Chenming, na China, que adicionou uma demanda extra de 200 mil toneladas por mês.
